“Haroun guardou para si seus sentimentos sobre brilhantina. Uma coisa ele sabia: que o mundo real era cheio de mágica, de modo que os mundos mágicos podiam muito bem ser reais.”
De onde afinal vêm as histórias? Talvez esse seja um
PCD+P/EX, ou seja, Um Processo Complicado Demais Para Explicar. Mas se você
estiver pronto para embarcar num mundo de fantasia e onde coisas absurdas podem
ser verdade. Rushdie tem o livro perfeito para você.
“Haroun e o mar de histórias” nos apresenta a história de Rashid
Khalifa, um contador de histórias profissional,super aclamado e reconhecido
como o melhor de todos, o Mar de Idéias. Porém após um problema familiar Rashid
perde o seu dom. É então que seu filho Haroun, penalizado pela dor do pai,
decide encontrar uma forma de trazer a alegria de seu pai de volta. Haroun descobre
que as histórias de seu pai possuem uma raiz mais fantástica que qualquer outra
história. Seu pai era alimentado por uma torneira mágica vinda de uma lua
invisível, onde se encontra o Mar dos Fios de Histórias, que na verdade é a
maior biblioteca do universo, e lá se encontram todas as histórias que foram,
são ou que ainda serão. Porém este mar corre perigo, já que alguém vem
envenenando as histórias. O menino então inicia sua aventura para salvar o Mar
e o dom de seu pai.
A escrita de Salman Rushdie é bastante simples, mas absolutamente fluída
e contagiante, e por vezes bastante poética. O autor sabe muito bem usar
expressões e trocadilhos divertidos que combinam muito bem com o tom leve da
narrativa. Um exemplo que me conquistou logo de início foi o apelido dado ao
personagem Rashid – O Xá do Blá-blá-blá. É simplesmente ótimo.
Apesar de ser um livro infanto-juvenil ele é enganadoramente
simples, e em nenhum momento subestima a capacidade do leitor e consegue de
forma sutil levantar questões importantes sobre censura, liberdade,
individualidade, valores morais, totalitarismo.
“Mas mas mas, disse o Gavião MasMas, “qual é o sentido de se dar as pessoas Liberdade de Expressão, e depois dizer que elas não devem utilizá-la? E não é o Poder da Palavra o maior de todos os Poderes? Então decerto deve ter plenas garantias de exercício!”
Recomendado a todos que gostam de uma boa história e que
acreditam em seu poder.
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